A melhor jogada, em nossa humilde opinião!
Vamos analisar uma jogada da partida para entendermos mais profundamente o que ocorreu e como ela se desenvolveu dentro do contexto do jogo. Usualmente escolhemos uma jogada explosiva do ataque, contudo, dessa vez escolhemos uma jogada defensiva, uma vez que ela foi muito importante naquele momento da partida e define bem o estilo de jogo que buscamos na partida contra o Giants.
Bola dos Giants – 1ª para 10, 2º quarto com 2:13 min.
A jogada ocorreu pelo fim do segundo quarto. O time de Nova Iorque tinha a bola na linha de uma jarda após recuperar um fumble do Dalvin Cook. Esse momento da partida foi importante pois parar o nosso corredor às portas de marcar um TD muda o momento do jogo e dá um gás para o time do Giants.
O time de azul prepara a jogada saindo de sua própria endzone, escolhe uma formação bem compacta, pacote 13 (um RB e 3 TE), com somente um WR aberto à direita do QB Daniel Jones e o lado esquerdo da linha conta com um adicional de 3 homens para fazer a proteção. Atrás da linha, além de Jones, encontra-se um RB. Essa formação, com muita proteção extra na linha e um RB, indica geralmente uma corrida; além disso, o fato de estarmos falando de um QB novato contra uma boa defesa, e ainda estando pressionado em sua própria endzone só reforça a ideia de uma corrida.
A defesa do nosso Vikings lê com tranquilidade a intenção de corrida e manda uma blitz com Harrison Smith e Anthony Barr para cima do quarterback do time de azul, e Barr o abraça na endzone para um safety, garantindo dois pontos para o time de Minnesota.
Destrinchando melhor o que ocorreu, e para explicar como Barr chegou praticamente sem ser tocado no RB do Giants, precisamos observar a linha ofensiva. A linha tinha 4 bloqueios óbvios para lidar que eram os membros da nossa linha defensiva; no lado direito da linha (da visão do QB), o tackle e o center tinham que bloquear, respectivamente, nosso nose tackle Linval Joseph e nosso defensive end Danielle Hunter, que foi o que ocorreu de fato. O guard, que deveria auxiliar o tackle e subir para o segundo nível liderando a corrida, teve uma leitura ruim da defesa, que mandava a blitz pelo lado mais fraco da linha, e foi surpreendido por Barr, que entrou andando pelo espaço entre o center e o guard.
O ataque pelo meio da linha ofensiva de Linval Joseph, que ocupou o center, e a leitura ruim do guard, que bloqueou Hunter ao invés de parar Barr, deixou espaço para o nosso LB entrar limpo e derrubar o RB para um safety que manteve o jogo a nosso favor e manteve a campanha ofensiva, uma vez que após o safety a bola volta para o nosso ataque.
Essa é a jogada da partida, a que acreditamos ser importante ressaltar e que se justifica por manter o peso da balança do jogo a nosso favor, ainda mais em uma situação de jogo fora de casa. Vamos fazer mais uma análise aqui, de uma jogada que serve para que possamos pensar como nosso ataque se desenvolveu e como ele pode melhorar.
Bola dos Vikings – 3ª para goal, 2º quarto 00:56 min.
O Vikings estava em uma 3ª para goal na linha de 3 jardas, após uma tentativa de corrida aberta pela esquerda que não teve sucesso. Cousins está no backfield sozinho em shotgun, demonstrando clara situação de passe.
Temos um pacote 12 (um TE plantado na linha, outro TE e um RB abertos como recebedores), com 4 recebedores, 2 em cada lado do campo: Diggs e Thielen na direita, e Kyle Rudolph e Abdullah na esquerda. A defesa apresenta uma marcação homem a homem.
Após o snap, Cousins teve pouco menos de 4 segundos para soltar a bola antes de ser sacado, sack que ocorreu mais por erro do nosso camisa 8 que por mérito da defesa. Aqui vamos separar 3 pontos para entendermos melhor onde a jogada poderia ter dado certo mas acabou dando errado: leitura do Kyle Rudolph, leitura de Adam Thielen e movimentação no pocket.
O snap aconteceu, a pressão veio, e em certo momento Rudolph estava livre, correndo em direção ao fundo da end zone, porém Kirk hesitou ao perceber que a janela era pequena. Esse tipo de jogada na área de pontuação é favorável a TE, uma vez que eles tem força física e nas mãos para brigar pela bola.
Na sequência, Cousins tentou buscar a lateral do campo para a direita e observou o lado de Diggs e Thielen. Esses dois estavam em rotas cruzadas, assim, quando Cousins buscou a lateral, ele “matou” a rota de Diggs, que vinha em direção ao meio do campo e ficou só com a leitura da rota de Adam Thielen. O camisa 19 já havia executado sua rota em busca da lateral do campo e, percebendo a movimentação de seu QB, voltou em direção ao meio do campo para tentar achar espaço para receber a bola. Thielen encontrou o espaço, estava livre, mas Cousins não o encontrou, hesitou mais uma vez e não soltou a bola.
Nessa jogada, a pressão da defesa veio pelas laterais. Cousins buscou as laterais e acabou sacado ao invés de voltar para o centro do pocket enquanto o mesmo ainda estava íntegro; como seu primeiro instinto foi buscar as laterais, ele não conseguiu aproveitar o espaço e tempo fixado dentro do bolsão de proteção em segurança.
Embora isso pareça um erro de Cousins, essa busca pelas laterais e inquietação dentro do pocket é resultado de uma desconfiança em relação à linha ofensiva, pelo fato de ela constantemente o deixar na mão, e Cousins só conseguir tempo para lançar quando sai em bootleg para as laterais do campo. É comum ouvir pessoas mais alheias às nuances do jogo acusarem Kirk de ter tempo, quando na realidade ele ganha tempo, o que gera uma situação, tanto física quanto mental, muito adversa para o quarterback.
Precisamos cobrar Cousins? Sim, sem dúvidas; um cara que recebe 84 milhões com 100% de garantia deve ser cobrado, mas somente naqueles pontos onde ele pode ser cobrado.