O primeiro encontro em playoffs entre as equipes desde o ano de 2009 reacende a rivalidade e desenterra o famoso Bountygate. 

 

A rivalidade entre Minnesota Vikings e New Orleans Saints é recente: ela começa em 2009, especificamente. No retrospecto de trinta e dois encontros entre os dois times, o roxo e dourado vence por vinte e um a onze; dessas onze derrotas para o time da Lousiana , cinco vieram a partir do ano de 2001. Esse fato é extremamente relevante para ressaltar o quanto o time de dourado e preto era fraco até os anos 2000, e que não havia nenhuma forma de rivalidade entre as duas equipes. 

Apesar da crescente melhora do Saints através do novo milênio, e de ter se tornado uma potência da NFC, o time de Minnesota não era diretamente afetado ou ameaçado, visto que estão em divisões diferentes; e, assim, não havia um ódio que inflamasse tanto os ânimos. Isso durou até 2009. Até o Bountygate. 

 

Bountygate 

 

Nos EUA é normal que qualquer escândalo seja chamado de –gate – relacionados à NFL já tivemos o Nipplegate, referente a apresentação da Janet Jackson e Justin Timberlake no Super Bowl XXXVIII, e mais recentemente o Deflategate, onde o New England Patriots foi acusado de ter esvaziado um pouco as bolas de futebol para ter vantagem no jogo de final de conferência da AFC.  

O termo tem origem na década de 70, com o presidente americano Richard Nixon; um caso de corrupção paradigmático para a história política dos Estados Unidos recebeu o nome de Watergate (o –gate original) pois um grupo de indivíduos aparatados pelo presidente supracitado entrou na sede do Partido Republicano americano, que ficava instalado em um complexo de escritórios chamado Watergate Complex, para instalar escutas e fotografar documentos, criando, assim, o nome que marcaria a história e derrubaria Nixon do poder. Após esse fato, o sufixo –gate passou a ser utilizado para denominar condutas antiéticas e que tentam ser mascaradas – ou simplesmente um escândalo. 

Bountygate foi um escândalo envolvendo exclusivamente o time do New Orleans Saints, franquia que nos anos de 2011 e 2012 foi investigada e condenada por um esquema de pagamento de recompensas para que jogadores deliberadamente machucassem seus oponentes. O ato não só é ilegal, visto que a liga proíbe incentivos financeiros que não tenham sido acordados em contrato (regra que visa manter a integridade do teto de gasto salarial das franquias), mas também extremamente antiético, pelos motivos óbvios de deliberadamente machucar um colega de profissão. 

O esquema de recompensa por lesão a adversários foi praticado pelo time da Lousiana entre 2009 e 2011 e, após o fim do julgamento em 2012, gerou as punições mais severas da história da liga até hoje: 

·         O coordenador defensivo Gregg Williams foi suspendo indefinidamente, apesar de só ter ficado afastado por um ano; 

·         Sean Payton, até hoje head coach do time, foi suspenso por toda a temporada de 2012, primeira vez na história da NFL moderna que um técnico principal é suspenso; 

·         O GM Mickey Loomis perdeu 8 jogos de 2012; 

·         Joe Vitt, assistente técnico, perdeu os seis primeiros jogos da temporada regular de 2012; 

·         U$500,000 em multa para o time, o valor mais alto que pode ser cobrado pela NFL a uma franquia; 

·         Quatro jogadores, tidos como pivôs do esquema, foram suspensos pela temporada toda, punição mais severa para jogadores na história. Essa suspensão veio a ser revogada posteriormente quando, após mais investigação e novos depoimentos, foi descoberto que os protagonistas do esquema eram os técnicos, e não os jogadores; 

 

Essas acusações começaram em 2009 por parte do time de Minnesota, após o jogo de final de conferência contra o Saints. O time de roxo e dourado acreditava à época que os jogadores estavam sendo excessivamente duros e violentos, especialmente com o nosso quarterbackBrett Favre. 

Favre, posteriormente, deu uma entrevista dizendo que o Saints veio com tudo pra cima dele e que possivelmente causaram-lhe uma concussão, com a qual ele teve que lidar durante a partida.  

 

Essa partida de 2009 e esse escândalo são as bases fundamentais para a rivalidade entre as duas franquias, especialmente pela forma branda como as punições foram tratadas pela liga. 

 

O jogo 

 

Essa é a partida mais importante entre os times desde o evento ocorrido em 2009; além de ser uma disputa pela sobrevivência na busca pelo Super Bowl, os ânimos estarão muito acalorados, e ambos os times possuem chances se souberem explorar o que cada time tem como fraqueza. 
 

As estatísticas, tanto do Vikings quanto do Saints, já foram exploradas em artigos anteriormente postados por nós, portanto não entraremos nesse mérito numérico aqui, preferindo pensar nos matchups decisivos para essa partida. 

Thomas contra Rhodes: O mais destacado dos recebedores segundanistas, Michael Thomas, enfrentará nesse jogo o melhor cornerback da liga e all-pro, Xavier Rhodes, em uma disputa física que será um dos pontos altos da partida. Apesar da fisicalidade do WR, que tem 1,91 m, 96 Kg, e de suas mãos extremamente confiáveis, que quando tocam a bola não a soltam mais, sabemos que para um recebedor ser efetivo tem que ter separação e disponibilizar janelas para que o QB coloque a bola – e é aí que Thomas terá a maior dificuldade contra Xavier. O CB camisa 29 já foi capaz de parar Antonio Brown, Julio Jones, Mike Evans e A. J. Green – isso só falando dos grandes nomes enfrentados esse ano pelo time de Minnesota -, mostrando a cada jogo sua agilidade, leitura de rotas e precisão ao atacar os adversários.   

Vikings leva a melhor nessa! 

 

BreesKamara e Ingram contra a defesa: O QB veterano, de 39 anos e um dos melhores da liga, terá a difícil missão de orquestrar Kamara e Ingram contra a melhor defesa da liga. O time de Minnesota tem que estar especialmente atento e constantemente lembrar que o Saints da pós-temporada não é mais o Saints da semana 1, que foi facilmente batido; diferentemente daquele momento inicial do campeonato, o jogo corrido do time de New Orleans melhorou muito, fazendo esse ataque ser capaz de machucar tanto pelo ar quanto pelo chão.  

Um fator positivo que pesa contra o ataque e a favor da nossa defesa é que, além de sermos a melhor da liga, Drew Brees tem 1 vitória e 4 derrotas fora de casa em pós-temporada.  

Nossa secundária é 100% capaz de segurar esse ataque aéreo e ser competente contra o jogo corrido. Vikings leva a melhor! 

Diggs e Thielen contra a secundária: Um dos melhores duos de recebedores da liga enfrentará a secundária que é revelação da NFC, em uma batalha muito explosiva. Thielen e Diggs vêm colecionando jardas e mais jardas ao longo da temporada (juntos combinam para mais de duas mil), dando trabalho para as defesas. A defesa de Lattimore e Vaccaro, mesmo tendo melhorado absurdamente ao longo da temporada, não é a mais confiável da liga, e ainda que consigam parar Diggs e Thielen, acabarão abrindo espaço para Wright, Floyd, e, especialmente, Kyle Rudolph. 

Nesse quesito Diggs e Thielen certamente não levarão a melhor, provavelmente terão um desempenho fraco, porém o ataque como um todo levará a melhor, podendo explorar outros recebedores e muitos screen pass com nossos running backs.

Ponto para o Vikings! 

A batalha nas trincheiras: Nossa linha defensiva, que é extremamente competente, sempre pressionando e chegando no quarterback, enfrentará uma linha ofensiva igualmente competente do time de preto e dourado, ainda que machucada e sem uma peça muito importante, seu guard Andrus Peat.  Griffen, Hunter, Joseph e Johnson não terão em momento nenhum o trabalho facilitado e terão que trabalhar muito duro contra essa linha ofensiva que é avaliada, de acordo com a ESPN, como a melhor dos playoffs. Nesse quesito acho que a linha ofensiva de Nova Orleans será capaz de segurar nossa linha defensiva. Eventualmente nossa pressão vai chegar lá, especialmente porque a secundária não dará espaço para o Brees lançar a bola, mas isso só deve ocorrer mais para o fim do jogo, quando a OL já estiver cansada.

Ponto para o Saints. 

O jogo não será fácil, em nenhum aspecto, e por mais óbvio que pareça, a concentração em todos os detalhes é essencial para levar a vitória nessa partida. A torcida será um fator fundamental para colocar a balança do jogo a nosso favor e iniciar a narrativa de espantar o primeiro dos nossos fantasmas na pós-temporada, para, assim, dar mais um passo em direção ao Vince Lombardi.