Tirando um certo Hall of Famer, Case Keenum é o melhor dos últimos vinte anos. 

 

Pra você que acompanha o Vikings há pouco tempo, ou que deseja conhecer mais sobre a história do time, aqui vai um recado muito importante: nós não somos um time de grandes QBs 

Simples e direto, nosso negócio é uma defesa avassaladora.

Não é à toa que nosso time é conhecido como Purple People Eater e não algo como The greatest show on turf (apelido dado ao time extremamente ofensivo do St. Louis Rams do final dos anos 90 e início dos anos 2000). 

Ao longo da história desse time já tivemos grandes QBs usando o manto roxo e dourado, porém a maioria deles não era nosso de fato. À exceção de Fran Tarkenton, escolha de terceira rodada do draft de 1961, nenhum QB draftado por nós virou um Hall of Famer. 

Ciquenta e seis anos de draft e só um QB Hall of Famer 

Ok, mas a Free Agency está aí pra isso, então soubemos aproveitá-la e colocar alguns grandes nomes atrás da nossa linha ofensiva para jogar, correto? 

Sim e não.

Sim porque os grandes nomes estão lá, e não porque a maioria deles não jogou bem, ou não jogou bem por tempo suficiente. 

 

Não acredita? Aí segue a lista:

Archie Manning em 1984: 

É, nós tivemos um Manning jogando pelo Vikings. Seis partidas e ele nem era o titular. 

 

Rich Gannon de 1987 a 1992: 

Apesar de ter começado sua carreira conosco, ele foi draftado pelo New England Patriots, por isso se encontra nessa lista. Quatro vezes participante do Pro Bowl, duas vezes selecionado para o All-pro, mas nenhum desses feitos ocorreu enquanto ele jogava conosco.  

Conosco ele só foi titular por um ano, o seu último, onde ele teve um recorde de 8 vitórias e 4 derrotas e depois foi trocado para Washington.  

 

Jim McMahon em 1993: 

Outro jogador gigante da história do futebol americano, pro-bowler e vencedor de dois Super Bowls. Draftado pelo Bears em 1982, ele teve uma carreira bem longa e bem-sucedida. Por nós jogou só um ano… 9 touchdowns e 8 interceptações. 

 

Warren Moon de 1994 a 1996: 

Warren Moon, um ícone, jogador de história incrível e o segundo QB que está no Hall da Fama, em Canton, a jogar pelo nosso time. Uma pena que por pouco tempo e já no crepúsculo de sua carreira. 

Seu recorde como titular no Vikings foi de 21 vitórias e 18 derrotas. 

 

Randall Cunningham de 1997 a 1999: 

Um ótimo jogador, especialmente quando jogou por nosso time. O único problema foi que jogou por pouco tempo e teve apenas a temporada de 1998 completa, temporada essa que levou o time à disputa de conferência da NFC. Comandou o ataque mais prolífico da liga, ganhou o prêmio NEA-NFL MVP, liderou a liga em Passer Rating e teve 34 TDs para apenas 10 interceptações. 

Incrível, né? Seria uma pena se alguém chutasse tudo para a esquerda. 

Pode chorar, eu também tô chorando.

 

Brett Favre de 2009 a 2010: 

Terceiro Hall of Famer a jogar pelo nosso time e, assim como Warren Moon, estava velho para caramba, cansado e machucado. Jogou por nós após voltar de sua segunda aposentadoria e levou o time à final de conferência da NFC. Uma pena que foi interceptado no drive crucial para nos levar ao Super Bowl.  

Esses foram os grandes nomes que jogaram atrás do center na história desse time. Claro, houve outros QBs com uma ou outra temporada boa por nosso time, mas esses são os nomes de maior relevância para a história da NFL que jogaram em nossa franquia.  

Por que Keenum? 

Bom, como vimos rapidamente acima, nosso time não é bom em draftar quarterbacks e nem bom em achar um na Free Agency. Qual é nossa solução,então? Aproveitar os momentos de sorte que o destino nos dá, essa é nossa solução, e Case Keenum é a materialização da sorte no nosso destino.  

Quando Teddy Bridgewater se machucou, nós fomos na Free Agency buscar Sam Bradford para suprir o espaço entre a OL e o HB. Porém, como vocês já sabem, a história se repete e o nosso QB tem uma temporada boa e se machuca.  

É aí que entra o Case Keenum. 

Muitos de vocês devem estar pensando agora: Ahhhh, mas o Keenum foi pego da Free Agency, Felipe! 

É, ele foi, até porque ou é draft ou Free Agency pra conseguir um jogador. Porém, o que diferencia ele dos outros QBs que foram pegos na Free Agency é que ele nunca deveria ter sido nosso QB ativo e titular. Ele não sofreu essa maldição, logo ele está livre pra jogar bem, não se machucar e ter vida longa.  

Para além da minha superstição, vamos falar dos números do menino Case Keenum, um ótimo referencial do por que ele merece ser nosso QB titular e futuro da franquia. 

Durante o seu período jogando na faculdade, Keenum teve números impressionantes: 3 temporadas com mais de 5000 jardas, e possivelmente teria mais uma, porém rompeu seu ligamento cruzado anterior (romper o ligamento cruzado anterior parece ser um pré-requisito pra ser quarterback em nosso time) na temporada de 2010; 2 vezes MVP (2009 e 2011) da C-USA, conferência do sudeste da divisão I da NCAA; Jogador Ofensivo do Ano pela C-USA (2008); além de uma tonelada de recordes individuais como jardas passadas, passes completos e passes para touchdown. Uma carreira bem impressionante. 

Na NFL os números de Case Keenum não são tão impressionantes, porém devemos considerar que esse ano é sua primeira oportunidade de verdade. 

Em 2013 jogou pelo Texans apenas 8 partidas, e, além de jogar por um time em reconstrução, tomou 19 sacks, um a menos que o número de sacks que sofreu esse ano tendo jogado quase o dobro de partidas.  

No ano de 2014, Case foi para o St. Louis Rams e não jogou nenhuma partida. Ainda no mesmo ano, Case voltou para o Texans, porém jogou somente duas partidas, um espaço amostral muito pequeno.  

Em 2015 e 2016 o camisa 7 voltou a atuar pelo time do Rams, onde seus números de fato não foram bons, contudo, quem joga bem sob a batuta do Jeff Fisher? 

Assim, vamos considerar de forma real os números de Keenum esse ano com o Vikão 

São 304 passes completos para 452 tentados, em uma média de 67,3% (quarto melhor para jogadores com mais de dez partidas, atrás somente de nomes como Bress, Brady e Alex Smith); 3358 jardas; 21 touchdowns; apenas 7 interceptações; apenas 20 sacks, mérito da OL e do ótimo trabalho de pernas de Case, e sétimo colocado em Rating com 98.1. 

Além dos números, pois estatística não é tudo, ver Case Keenum jogar com o manto roxo e dourado traz confiança. Sua química com o resto do ataque é incrível, as jogadas entre ele e Adam Thielen são o melhor exemplo disso. Quando o camisa sete está correndo por sua vida, é Thielen que ele procura e os dois se ajustam perfeitamente sem a necessidade de comunicação. 

Falando em correr pela própria vida e sair do pocket, lembra do Fran Tarkenton, o único QB draftado pelo Vikings que deu certo? Ele era um especialista em sair do pocket, como o Nilvan já disse em outro artigo, e muito do que Tarkenton fazia podemos ver em Case Keenum. 

 

Aliás, não é uma mera coincidência: Case alegou em entrevista à WCCO4 se inspirar em Fran: 

“Obviamente um dos melhores a jogar nessa posição e não somente isso, mas o que ele é para o Vikings e o que significa para essa organização… uhm, ele é incrível! Eu amei encontrá-lo, conhecê-lo e falar com ele. Ele tem ótimos conselhos para o time e para nós quarterbacks também, então, assim, eu adoro, quando não estou em temporada de jogo, colocar os filmes dos jogos dele e poder aprender com ele. Grande figura, grande jogador e eu fiquei muito feliz em conhecê-lo.”. 

Case é um cara incrível, muito carismático, é jovem e experiente. Ele não só joga bem, mas ganhou a torcida e o time como líder. No carrossel de quarterbacks que esse time vive e tem sua história baseada, já está mais do que na hora de encontrar um homem para se estabilizar nessa posição e que, assim como Fran Tarkenton, possa levar nosso ataque para dias de muita glória.